O Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Polícia Federal - SINARM, têm demonstrado extrema transigência nesse momento de instituição de uma nova “carreira” profissional, que é a de Instrutor de Armamento e Tiro, diferenciando pelo nível de exigência e critérios práticos de avaliação. Há que se considerar a existência de três universos de tiro distintos onde uma arma de fogo se insere. O universo do Tiro Esportivo, o do Tiro Defensivo e o do Tiro de Combate, não obstante as várias formas de identificação, devem ser estudados a fundo, sob pena de não se localizar adequadamente quando de seu desenvolvimento. O Brasil vive uma era de conformação como jamais se viu. Não há espaço para amadores. A desmistificação se faz urgente. Não se pode mais admitir que se vincule, senão como fator preponderante, armas de fogo à violência, ou à segurança. Os códigos internacionais P.B.U.F.A.F. (Princípios Básicos sobre o Uso da Força e de Armas de Fogo) e C.C.E.A.L. (Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei), depois de quase duas décadas, encontra guarida nos nossos centros formadores de profissionais de segurança, que mesmo incipientes, deflagram a curiosidade e atenção da nova geração de E.A.L. (Encarregados da Aplicação da Lei). A evolução acontecerá, a passos curtos que sejam, porém irreversíveis.
O cidadão de bem, sentindo a urgência de assumir a responsabilidade pela manutenção de sua integridade, da de seus entes queridos e da de seus bens materiais duramente conquistados, por desconhecimento recorre inadvertidamente à aquisição de uma arma de fogo, como se fosse um instrumento com poderes mágicos, onde bastando a sua existência para criar uma espécie de campo de força ou uma redoma protetora envolvendo seu possuidor, protegendo-o. Grande absurdo e demonstração de imaturidade.
O papel do Instrutor de Armamento e Tiro extrapola a simples transferência de informações técnicas e experiências práticas acerca do estudo de Balística. Ele se mostra como um farol, orientando os indivíduos quanto às responsabilidades intrínsecas de se possuir uma arma de fogo, não com o intuito objetivo de dissuadi-lo da idéia da aquisição, mas mostrando da forma mais clara possível, onde uma arma de fogo se insere na sua realidade enquanto alternativa de reação (resposta defensiva a uma ação agressiva), que como todas as outras, deve ser absoluta e profundamente dominada, ao preço de se cometer erro fatal, não só em escolhê-la como alternativa de reação, mas em reagir. Quem despertar para essa consciência mais cedo, estará garantindo sua localização no final da fila das vítimas da degradação social irreversível que infelizmente vemos nos atingir.
As três perguntas: O quê? Como? Quando?
São as que devem ser respondidas quando se intenciona falar sobre o segmento. O que é uma arma de fogo é relativamente fácil responder, buscando informações técnicas confiáveis. Como funciona uma arma de fogo também não exige malabarismo para se ensinar. Quando se usa uma arma de fogo é a pergunta mais importante e mais difícil de ser respondida, já que deve-se considerar aspectos e valores éticos, morais, legais e culturais individuais e coletivos para se aproximar da resposta ideal.
Assumamos nosso papel de idealistas construtivos, de indivíduos responsáveis e comprometidos com a mudança cultural que se busca no nosso amado país.
Oxalá podermos ver o dia, na Nova Humanidade, em que uma arma de qualquer tipo servirá somente para lembrar o quanto evoluímos como seres humanos, jazendo em museus da vergonha como o do holocausto nazista.
Maurilio Flavio Gamba
Vivendo num mundo onde os valores estão cada vez mais comerciais e menos morais, me sinto incomodado tamanha a importância deste tema e tamanha a necessidade de se conscientizar sobre o assunto. Difícil é permanecer passivo.
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