quarta-feira, 29 de junho de 2011

Serviço

Como seria triste o mundo se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!
Não te seduzam as obras fáceis.
É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro de pensar que só tem merecimento executar as grandes obras.
Há pequenos préstimos que são bons serviços: enfeitar uma mesa.
Arrumar uns livros.
Pentear uma criança.
Aquele é quem critica, este é quem destrói;
sê tu quem serve.
Servir não é próprio dos seres inferiores: Deus, que nos dá fruto e luz,serve.
Poderia chamar-se: O Servidor.
E tem os Seus olhos fixos nas nossas mãos e pergunta-nos todos os dias:
S
erviste hoje?
*   *   *
Gabriela Mistral, poetisa chilena, em seu belíssimo poema nos emociona com uma
proposta de vida maravilhosa.
O Poeta dos poetas, certa vez também afirmou que quem desejasse ser o primeiro,
fosse o servo de todos.
Servir é a receita infalível da felicidade presente e futura.
Presente, pois quem serve, quem se doa, quem ajuda, já recebe no coração a paz
 que tal ato propicia. Uma paz sem igual: a paz da consciência tranquila.
Futura, pois quem serve semeia concórdia, fraternidade – merecendo colher o
mesmo nos passos seguintes da existência imortal do Espírito.
Todo dia nos apresenta diversas oportunidades de servir. Que possamos estar
 atentos a elas, e não desperdiçar nenhuma chance, nenhuma dessas experiências
enriquecedoras.
Parafraseando a poetisa, perguntamos: Você já serviu hoje?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Doença da Alma

Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos
 - Medicina reconhece obsessão espiritual
 Por Dr. Sérgio Felipe de Oliveira*
 
A obsessão espiritual como doença_da_alma, já é reconhecida pela Medicina.
Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de
doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina,
por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do
Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do
espírito. 
 
No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa
 informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu
o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do
aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado
de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e
desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha,
portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não
a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.
 
Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como
o estado de completo bem-estar do ser humano integral: iológico, psicológico
e espiritual.
 
Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na
Medicina como possessão e estado_de_transe, que é um item do
CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da
interferência espiritual Obsessora.
 
O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda
transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente,
fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por
incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados
por doença.
 
Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos
religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.
 
Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos
transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença,
 um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama
de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão
 espiritual.
 
Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe
normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para
não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos
 de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou
ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma
 alucinação ou loucura.

 que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.
 
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de
uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
 
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido
 no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos
rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como
 psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.
 
Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande
maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por
ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade,
 são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental,
psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do
momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).
 
Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser
 estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade
de vida do enfermo.
*Dr. Sérgio Felipe é médico psiquiatra que coordena a cadeira de
Medicina e Espiritualidade na USP.
Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico,
O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana

quarta-feira, 1 de junho de 2011

OPLOLOGIA

Numa roda de amigos num quente final de tarde, no chamado “happy hour” regado a cerveja, é mais do que comum as conversas girarem sobre as atividades do dia, o trabalho, o jogo de futebol, a política, as notícias sobre a situação do país e do mundo. E no meio a tudo isso, sempre se encontra um tempo para as paixões em comum, a maioria das pessoas encontra no esporte a sua válvula de escape das tensões diárias, mas um pequeno grupo tem lá as suas paixões mais específicas. O homem tem certamente um “instinto acumulador”, as pessoas guardam de tudo, de tesouros a velharias e inutilidades, e em certos casos patológicos até... Lixo. Nesta mesma roda de amigos, poderemos encontrar talvez um colecionador de carros, um filatelista (colecionador de selos) um numismático (colecionador de moedas) e quem sabe até um oplólogo... Oplólogo? Que raios vem a ser isso?
Oplologia é um neologismo de origem inglesa e italiana, foi cunhado na Inglaterra no século XIX por Sir Richard Burton e deriva dos vocábulos gregos Hoplon - οπλον, e λογοσ – o logos, como conhecimento, ciência. “Hoplon” era o grande escudo levado pelos Hoplitas (ὁπλίτης), o soldado grego de infantaria pesadamente armado, servindo a mesma raiz para designar o conjunto completo das armas dos gregos (além da armadura, grevas, escudo e elmo, usavam a espada de fio duplo, e lança pesada). Ainda relacionado há o termo grego Hoplos, que designa um ser mítico que era couraçado.
A Oplologia no início foi relacionada com a arte e técnica marcial, ao uso das armas, e depois de 1960 com Donald Frederick Draeger, passa a ser a relacionada como campo acadêmico de maior abrangência social, podendo se definir como a ciência que estuda a arte do combate e da guerra, da Filosofia e do logos do guerreiro, da história e estratégia militar, incluindo-se aí certamente o estudo da artilharia, das armas de fogo, das armas brancas, da munição, das fortificações, e também servindo de auxílio para outras ciências sociais. Na Itália, a palavra oplologia foi usada também a partir do século XX para descrever o estudo das armas e armaduras, e não propriamente só da parte prática, a das técnicas de uso.
Oplólogo então é o pesquisador ou estudioso do tema, que deve ter o necessário rigor científico, com pesquisa e literatura, mas sem esquecer a paixão (oplofilia) que estes artefatos sempre provocaram nos seres humanos (ou ainda no outro extremo ódio e medo, tão atuais e debatidos – a oplofobia,).
O estudo, conservação e colecionismo das armas de fogo, muito nos revelam sobre a cultura e a tecnologia da época em que elas foram feitas. As análises profundas das características técnicas e sociais nos fazem vislumbrá-las além de simples instrumentos mecânicos, pois foram parte da sociedade, as mantenedoras de poder e status social de seus proprietários. Pode-se inclusive se dizer que a função social das armas era ser representante visual da opulência ou penúria de seus possuidores, assim, por exemplo, frente a uma pistola com fecho de roda ricamente decorada do séc. XVI saberemos logo que pertencia a um nobre alemão, pelo alto valor econômico e artístico ali empregado, ao passo que frente a um mosquete de mecha rústico e simples do mesmo período e região, saberemos logo que era pertencente a um lasquenete (mercenário) ou soldado regular, pela modesta e prática construção.
As armas de fogo e canhões representam mais de 700 anos da inventividade e engenhosidade humana. Em cada arma como já disse, estão inseridos dados da sua época histórica, da cultura do povo que a construiu, cinzelados e burilados em metal bruto, ouro e prata, estão entranhados a sensibilidade e a habilidade particular de cada artesão, o que em certos casos pode transformar cada peça em uma peça única e de valor inestimável. Não se podem dissociar as armas da história, dos personagens das grandes tragédias, dos dramas humanos e dos importantes fatos mundiais. As armas fizeram sua aparição na sombria idade média como criaturas mitológicas, verdadeiros dragões que vomitavam fogo e metal, surgidas nos caldeirões dos alquimistas, e paridas pela mistura malcheirosa da primeira pólvora se esgueiraram para o campo de batalha medieval, através dos primitivos canhões de mão que evoluíram acompanhando a marcha constante do progresso humano, e se infiltraram no inconsciente coletivo com a mesma força de seus projéteis, que silvando perfuravam armaduras e destronavam reis.
Assim se consolida a oplologia como ciência social para somar a outras já existentes, conjugada com a balística em suas diversas vertentes (balística interior, exterior, de efeitos e forense), que cuida do estudo dos projéteis, tendo esta nascido junto com as antigas balistas e catapultas da idade antiga, antes mesmo das armas de fogo.
O colecionismo de armas tem por objetivo a perpetuação da memória e da história do homem, vem somar possibilidades a criação de um mosaico completo das diversas facetas técnicas e sociais de um período, possibilitadas pela metalurgia, artes, ourivesaria, engenharia, marcenaria, marchetaria, arqueologia, sociologia, literatura e demais ciências e técnicas.
Colecionar armas é sinônimo de cultura, conservação do patrimônio, e responsabilidade, bem ao contrário do que hoje se prega no Brasil, que seria sinônimo de ignorância e violência. O colecionador antes de tudo é um técnico, um estudioso, um literato apaixonado pelo que faz, e não raras vezes, um lutador solitário que se impôs a responsabilidade de preservar a memória militar e social de seu país, mesmo na contramão de seu povo ou momento político, que apenas anseiam pelo esquecimento ou pela ignorância plena.